A Concepção de Jesus Segundo Ele Mesmo
Santa Brigida da Suécia
Jesus revela à Santa Brigida
Quem Ele É
A Sua Concepção
A Sua Divindade
E a Sua Natureza Humana
Eu Sou o Criador do Céu e da Terra, Uno na Divindade com o Pai e o Espírito Santo. Eu Sou Aquele que falou aos aos patriarcas e profetas e Aquele a quem esperavam.
Para cumprir seus anseios e de acordo com Minha Promessa, assumi a carne sem pecado e sem concupiscência, entrando no Ventre da Virgem, como o Sol que brilha através de claríssima jóia.
Assim como o Sol não danifica o vidro ao entrar nele, assim também a virgindade da Virgem não foi perdida quando Eu assumi a natureza humana.
Eu assumi a carne de tal forma que não abandonei Minha Divindade, e Eu não fui menos Deus – governando e sustentando todas as coisas com o Pai e o Espírito Santo - embora estivesse no Ventre da Virgem em Minha Natureza Humana.
Assim como a luminosidade jamais é separada do fogo, assim também, Minha Divindade nunca foi separada de Minha humanidade, nem mesmo na morte.
***
O Nascimento
A razão e a fé, a probabilidade e a lógica dentro do contexto histórico, me leva a considerar esta leitura de suma importância e fundamental para compreender a Divindade de Jesus.
Eis um resumo do livro A Infância de Jesus, de Jacob Lorber. Segundo ele escrito originalmente nos primeiros anos do Cristianismo, escrito por Jacó, que também sigifica Thiago (ProtoEvangelho de Thiago) a quem ele atribui esse evangelho. Apesar de estar apresentando uma pequena parte do texto original, o conteúdo, a compreensão e a clareza do texto não são prejudicados.
Infância de Jesus
A contar da época em que
José acolheu Maria
Este Evangelho foi anotado por Jacó, um filho de José; no entanto, foi de tal modo deturpado a ponto de não mais ser aceito como autêntico na Escritura. Por isto transmitirei o genuíno Evangelho de Jacó, a começar da época acima, pois ele havia igualmente anotado a biografia de Maria desde seu nascimento, bem como a de José.
Eis o primeiro capítulo:
Resumo: da época em que José acolheu Maria, até o nascimento do Menino Jesus.
José andava ocupado com a construção de uma casa na zona entre Nazareth e Jerusalém, a mando de um rico hierosolimitano, para fins de hospedagem aos nazarenos. Entrementes, Maria se tornara moça depois de educada no Templo e, segundo as Leis mosaicas, urgia entregá-la a quem tivesse idoneidade.
Para tanto se enviaram arautos por toda Judéia avisando os pais de família, a fim de entregá-la a quem fosse digno. Nem bem José ouvira tal informação, largou suas ferramentas dirigindo-se rapidamente para Jerusalém, ao local de conselho no Templo.
Quando, passados três dias, os interessados voltaram a determinado local e tendo entregado ao sacerdote uma haste fresca de lírios, este dirigiu se ao interior do Templo a fim de orar. Terminada a sua prece, devolveu a cada um a haste individual. Todas elas estavam manchadas, com exceção da última, entregue a José.
Como houvesse reclamação da parte de alguns, declarando essa prova partidária, portanto nula, exigiram outra que impedisse qualquer fraude. Algo irritado, o sacerdote mandou chamar Maria, entregou-lhe uma pomba que ela deveria soltar no meio de seus pretendentes. Antes, porém, ele lhes disse: “Falsos interpretadores dos sinais de Jehovah! Esta pomba é inocente e pura, sem noção de nossos cálculos, pois vive unicamente pela Vontade do Senhor e entende apenas a Linguagem poderosa de Deus! Erguei vossas hastes! Maria será entregue ao dono da haste em que a
pomba pousar e em cuja cabeça ela sentar!”Os pretendentes concordaram dizendo que tal seria um sinal infalível.
No momento em que Maria soltava a ave, a mando do sacerdote, ela voou em direção de José pousando na haste e na cabeça dele. O sacerdote então sentenciou: “Eis a Vontade do Senhor! Como simples operário te coube o sorteio da Virgem do Senhor! Toma-a, em Nome Dele, para o teu lar puro a fim de receber futuros cuidados! Amém!” José respondeu: “Servo ungido do Senhor segundo a Lei de Moysés, servo fiel do Senhor, Deus, Zebaoth! Já sou idoso e viúvo e tenho filhos homens em casa; como não me tornarei ridículo perante os filhos de Israel se levar essa moça comigo! Por isso peço a repetição do sorteio, ficando eu do lado de fora para não contar entre os pretendentes.” Erguendo a mão, o sacerdote redargüiu: “José, teme a Deus, o Senhor Ignoras o que Ele fez a Dathan, Korah e Abiram?...
...O sacerdote orou no Santíssimo, para José, e o Senhor falou ao sacerdote: “Não aflijas o homem por Mim escolhido; não há homem mais justo em Israel, na Terra toda e perante o Meu Trono em todos os Céus! Entrega a Virgem, por Mim Mesmo educada, a ele.”...
...Tomando Maria pela mão, José diz: “Que se faça sempre a Santa Vontade de Deus, meu Senhor! O que Tu dás, Senhor, sempre é bom; por isto aceito de bom grado esta Dádiva de Tua Mão! Dá-lhe a Tua Bênção e também abençoa a mim para que me torne digno desta missão! Tua Vontade se faça, amém!”...
... Numa sexta-feira pela manhã, novamente Maria se encaminhara para encher o cântaro com água, quando uma voz lhe disse: “Salve, agraciada do Reino de Deus! O Senhor está contigo, bendita entre as mulheres!” Sumamente assustada, Maria procurou localizar de onde vinha aquela voz, sem contudo descobrir sua origem. Cheia de pavor tomou do vasilhame e correu a casa. Lá, entregou-se de novo à fiação. Nem bem encontrara o ritmo do trabalho, eis que o anjo do Senhor se apresentou dizendo: “Não temas, Maria, porque achaste grande Graça perante a Face do Senhor, pois conceberás a Palavra de Deus!”
Pesando o que havia ouvido, Maria não conseguia entender seu sentido, por isto falou ao anjo: “Como será possível? Não conheço homem algum que me tomasse para esposa, a fim de que pudesse conceber igual às outras mulheres!”
O anjo, porém, retrucou: “Eleita de Deus, não será como pensas, e sim, a Força de Deus te cobrirá! Por isso chamarás o Santo que nascer de ti, de Filho do Altíssimo, ao Qual darás o Nome de Jesus, porquanto salvará o Seu Povo de todos os pecados, do julgamento e da morte eterna!”
Prosternando-se diante do anjo, Maria disse: “Sou apenas uma serva do Senhor; que se faça segundo a Sua Vontade, conforme disseste!” Nisso o anjo desapareceu, e Maria voltou ao seu trabalho.
Achando-se a sós, Maria louvou a Deus e dirigiu-se intimamente a Ele, dizendo: “Quem sou eu, Senhor, que me auferes tamanha Graça? Tornar-me-ei grávida sem ter conhecimento algum a respeito, pois nem sei o que isso significa. Tem Misericórdia para comigo, Senhor, pois conto apenas catorze anos e sou inteiramente inexperiente. E que dirá o pai José quando lhe contar o fato, ou ele perceber que estou grávida?”
“Não pode ser algo ruim, mormente quando uma serva foi designada para tanto, como fora o caso de Sarah. Já ouvi contar no Templo, da grande alegria das mulheres quando esperam uma criança. Assim, também estarei contente quando tal coisa acontecer. Mas quando isto se dará? Talvez já ocorresse, ou terei que esperar ainda? Ó Senhor, Santo Eterno de Israel, dá uma prova à Tua pobre serva, para que Te possa louvar!”
A estas palavras foi envolvida por um bafejo etéreo e uma voz mui suave lhe disse: “Maria, não te preocupes em vão; já concebeste e o Senhor é contigo!
... Chegando à casa de Elizabeth, Maria com acanhamento bateu à porta segundo sua educação judaica. Escutando o modesto bater, Elizabeth pensou de si para si: “Quem será? Talvez um filho de meu vizinho; pois meu marido mudo, que ainda se encontra no Templo aguardando sua cura, não pode ser. Meu serviço é mui importante e não vou largá-lo por causa do filho mal-educado do vizinho. Por isso pode bater à vontade que não hei de abrir a porta..”
Maria, bateu novamente, e a criança no ventre de Elizabeth começou a saltar de alegria, dizendo baixinho: “Mãe, vai depressa! É a Mãe de meu e teu Senhor a bater na porta, a fim de visitar-te em paz!”
Largando tudo que tinha em mãos, Elizabeth abriu a porta para Maria, abençoou-a e em seguida lhe estendeu os braços dizendo: “Ó Maria, bendita entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre! Virgem pura de Deus, de onde me vem a Graça de ser visitada pela Mãe de meu Senhor e Deus?”
Maria, que nada entendia desses segredos, disse: “Querida prima, vim apenas para visitar-te amigavelmente. Como falas de coisas que não entendo? Porventura já estou grávida para me chamares de mãe?”
Retrucou Elizabeth: “Quando batias pela segunda vez na porta, a criança que está em meu ventre, saltou de alegria anunciando-me a tua ventura!”
Lembrando-se das palavras do anjo, Maria ergueu os olhos para o Céu e disse: “Grande Deus de Abraham, Isaac e Jacob, que fizeste de mim? Quem sou eu para que todas as gerações da Terra me deva considerar bem-aventurada?”.
(Após três meses na casa de Izabel, Maria volta à casa de José)...
Tomado de intuições sublimes, José disse a Maria: “Grandes alegrias foram trazidas à minha casa com tua presença, e minha alma está cheia de pressentimentos maravilhosos. Todavia sei que o Senhor experimenta dolorosamente aos que Ele ama; por isso havemos de perdir-Lhe sempre que nos seja misericordioso.
É bem possível que o Senhor venha a renovar a Arca antiga e bastante frágil, através de mim e de ti. Se assim for, ai de nós, pois teremos que enfrentar tarefa bem dura. Nada adianta querermos impedir o que vier, pois no momento exato, o destino se apossará de nós e havemos de tremer diante da Vontade Daquele que fixou o firmamento!”
Maria nada disso entendia e procurava consolar o preocupado José com as seguintes palavras: “Querido pai José, não te entristeças com a Vontade do Senhor; sabemos que visa apenas ao bem de Seus filhos. Ele estando conosco como estivera com Abraham, Isaac e Jacob e com todos os que O amem, que de mal nos poderia suceder?”...
... Dia a dia, Maria demonstrava mais o seu estado que procurava ocultar diante de José e de seus filhos. Decorridos dois meses, José começou a suspeitar e falou a respeito a um amigo em Nazareth. Esse amigo era médico conhecedor de ervas e muita vez auxiliava em partos difíceis. Acompanhou José e observou Maria secretamente; em seguida disse: “Grande desgraça sucedeu à tua casa, pois a moça está grávida! Tu mesmo és culpado, pois faz seis meses que te ausentaste de casa, sem que alguém tomasse conta dela!”
Respondeu José: “Maria esteve em minha casa durante três semanas; desde então passou três meses em companhia da prima Elizabeth. Após sua volta decorreram dois meses sob minha constante vigilância, e nunca vi alguém dela se aproximar...
... Após a partida do amigo, José se dirigiu a Maria dizendo: “Filha, onde irei buscar a coragem de erguer o olhar para Deus? Que direi a teu respeito? Porventura não te recebi virgem pura, do Templo, e não zelei por ti fielmente, através de preces diárias, feitas por mim e por meus familiares? Imploro-te me digas quem ousou trair-me tão infamemente, que sou igual a ti, descendente de David? Quem conseguiu transviar tua mente pura e seduzir-te, fazendo-te uma segunda Eva? Foi qual Eva, traída pela serpente! Reflete e dize-me a verdade, pois não conseguirás enganar-me!” Desesperado de dor, José se atirou sobre um saco cheio de cinzas e chorou.
Maria tremia de pavor e começou a chorar e soluçar, sem poder responder. Novamente José, erguendo-se, disse, em tom mais moderado: “Maria, filha de Deus, por Ele Próprio educada, por que me fizeste isto? Por que rebaixaste a tua alma e esqueceste de teu Deus? Como fora possível a ti, educada no Santíssimo, onde recebias alimentos das mãos dos anjos podendo com eles brincar constantemente? Fala, Maria!”
Enchendo-se de coragem, Maria disse: “Pai José, homem justo e implacável! Afirmo-te, tão certo como Deus existe, tão certo eu sou pura e inocente, e desconheço homem!”
Disse José: “De onde, então, vem a tua gravidez?”
Respondeu Maria: “Ainda sou criança e não entendo os segredos de Deus. Vou relatar-te o que me sucedeu e que é tão verdadeiro como Verdadeiro é o Senhor!”
Eis que Maria relatou tudo que sucedera enquanto trabalhava no bordado do reposteiro. Finalizando, ela disse: “Por isto repito, tão certo como existe Deus, Senhor de Céus e Terra, eu sou pura e desconheço o segredo de Deus dentro de mim, que sou obrigada a suportar para meu maior suplício!”...
... José entregue aos seus pensamentos, finalmente caiu em profundo sono. Em sonho, apareceu-lhe um anjo do Senhor que disse: “José, nada tema por causa de Maria, a virgem mais pura do Senhor; o Que traz em seu ventre foi gerado pelo Espírito Santo de Deus, e quando nascer, chamá-Lo-ás de “Jesus”!”
José despertou e louvou a Deus pela Graça recebida. Como já estivesse amanhecendo, Maria se aprontara para a viagem e vinha avisar disto a José. Ele a abraçou com carinho, dizendo: “Maria, ficará comigo; o Senhor me deu forte testemunho a teu respeito, pois teu filho se chamará “Jesus”.”.
Com isto Maria reconheceu que o Senhor falara com José, pois ouvira o mesmo nome anunciado pelo anjo, sem que ela tivesse feito referência a respeito. A partir daí, José cuidou dela mais ainda, não deixando que algo faltasse em seu estado...
... Uns dias depois, apareceu Annás, conhecido escriba em Jerusalém, censurando a ausência de José. Esse homem, infelizmente, viu Maria, grávida...
... O sumo-sacerdote exclamou: “Nunca José seria capaz disso. Deus não dá testemunho errado.”...
... Sem a menor objeção, José e Maria acompanharam os enviados do Templo. Lá chegando, o sumo-sacerdote se dirigiu à virgem dizendo: “Maria, por que fizeste isto, humilhando tão gravemente a tua alma? Esqueceste o Senhor, teu Deus, tu que foste educada no Santíssimo, recebeste o alimento diário da mão do anjo e ouviste sempre seus cânticos de louvor, brincaste e dançaste diante de Deus! Fala, por que nos fizeste isso?”
Chorando copiosamente, Maria repetiu: “Juro diante de Deus que sou pura e nunca conheci um homem; pergunta a José, o escolhido de Deus!” E José jurou que ele era inocente perante ela, o sacerdote e Deus...
... José se calou diante de tamanha injustiça, de sorte que o sacerdote prosseguiu: “Devolve-nos a virgem que foi tão pura como o sol nascente na manhã mais radiante!”...
...(Sacerdote) “Se Deus não quis revelar vosso pecado, também não vos julgarei e declaro-vos isentos de culpa. A virgem, encontrando-se grávida, terá que se tornar tua esposa como penitência, e jamais terá outro marido ainda que enviuvasse jovem. Assim seja.” Deste modo voltou José a casa com Maria, muito feliz e louvando a Deus por ela ser sua esposa legítima...
...(José) “É da Vontade do Senhor que sigamos para Bethlehem. Joses prepara o jumento para Maria usando a sela de encosto. Vós, Samuel, Simão e Jacó trazeis no carrinho, frutos duráveis, pão, mel e queijo, o suficiente para duas semanas. Ignoramos o que nos espera, por isto apanhai igualmente fraldas e ataduras”...
... Ao chegarem às proximidades de Bethlehem, Maria subitamente disse a José: “José, manda parar, pois sinto-me muito mal!” José se assustou sobremaneira, vendo que chegara o que mais temia, e ordenou que todos parassem. Maria falou de novo para José: “Tira-me do animal, não suporto mais a viagem!” José retrucou: “Ó meu Deus! Vês que aqui não há albergue; para onde poderei levar-te?”
Ela respondeu: “Ali, dentro da montanha se encontra uma gruta. Deve ser a uns cem passos daqui. Leva-me para lá, não me é possível ir mais além!” Tomando a direção indicada, José regozijou-se ao achar alguns molhos de feno e palha na caverna, que servia de estábulo de emergência aos pastores. Num instante arrumou-se um simples leito...
... E para Maria ele disse: “Apressar-me-ei por encontrar uma parteira na cidade, a fim de assistir-te.” Em seguida saiu da gruta. Foi anoitecendo e as estrelas já se destacavam no firmamento. O que José viu ao deixar a gruta será descrito com suas próprias palavras após voltar com a parteira, quando Maria já dera à luz.
“Meus filhos”, disse ele, “coisas grandiosas estão para acontecer; tenho uma fraca idéia do sentido das palavras que ouvi antes de partir. Mas, se Deus não estivesse, ainda que invisivelmente, entre nós, não poderiam acontecer fatos como eu os vi.
Andava, mas me parecia que estacionava. A Lua cheia e as estrelas não mudavam de posição, via centenas de passarinhos sentados nas árvores, as cabecinhas voltadas para a caverna, tremendo como antes de um terremoto sem se levantar dos ramos nem por gritos ou pedras atiradas.
Percebi alguns lavradores em redor de sua refeição sem poderem tirá-la da terrina, e outros com um pedaço de pão que não podiam levar à boca, e os olhos de todos estavam dirigidos para o Céu. As ovelhas não davam um passo à frente e um pastor que nelas quis bater, teve a mão paralisada em meio ao movimento. Vi cabras com o focinho na água, igualmente paralisadas e a água de um riacho vindo das alturas, parada, não mais correndo para a planície.
Finalmente vi algo se movimentar. Era uma mulher caminhando na minha direção e quando estava perto, perguntou-me: “Aonde vais há esta hora?” Respondi: “Estou à procura de uma parteira, pois na caverna está alguém prestes a dar à luz.” Prosseguiu ela: “É de Israel?” Expliquei: “Sim, somos de Israel, David é nosso pai.”
A mulher insistiu: “Quem está para dar à luz, é tua mulher, uma parenta ou serva?” Respondi: “Há pouco, ela se tornou minha mulher perante o sumo-sacerdote. Quando concebeu, ainda não o era, mas apenas confiada a mim pelo Templo, segundo o testemunho de Deus, porquanto obtivera sua educação no Templo. Não te aborreças com a gravidez dela, a criança foi concebida milagrosamente pelo Espírito Santo.” A mulher se espantou e disse: “Fala a verdade, homem!” E respondi: “Vem convencer-te com teus próprios olhos.”
A mulher concordou a acompanhar José; quando se aproximaram da gruta, esta foi coberta por densa nuvem de sorte que não encontraram a entrada. Admirada com este fenômeno, a parteira disse: “Coisas grandiosas sucederam à minha alma. Hoje de manhã tive uma visão maravilhosa na qual vi tudo o que ora acontece. É o mesmo homem que deparei na visão. Antes disso, vi tudo parado em meio do movimento e também observava essa nuvem cobrindo a caverna, e nós dois conversávamos como acontece neste instante. E outros fenômenos vi na caverna, quando minha irmã Salomé me seguiu, a quem havia relatado a visão. Por isso afirmo perante ti e Deus, que um Salvador veio do Alto para Israel, na hora de nossa grande atribulação.”
Ditas essas palavras, a nuvem desapareceu e uma luz tão forte irradiou-se da caverna que os olhos de ambos não a suportavam e a parteira observou: “É tudo verdade o que vi na minha visão. Ó homem feliz, aqui existe mais que Abraham, Isaac e Jacob, Moysés e Elias!” Após esse pronunciamento, a luz gradativamente diminuiu e se viu a Criancinha tomando pela primeira vez, o peito da mãe.
Acompanhando José, a parteira viu tudo confirmado e disse: “É Ele o Salvador do Qual falavam todos os profetas, que é livre desde o ventre materno, significando que nos libertará das algemas das leis. Porventura já se viu um recém-nascido procurar imediatamente o seio materno? Segundo me parece, essa Criança irá um dia julgar o mundo com amor, não dentro das leis. Tudo está na melhor ordem, feliz marido dessa virgem; deixa-me sair, pois não me sinto bastante pura para suportar a Santa Presença de meu e teu Deus e Senhor.”
José se assustou com palavras tão profundas; ela, no entanto, já havia deixado à gruta. Lá fora encontrou sua irmã Salomé que a seguira por causa da visão e lhe disse: “Salomé, vem ver a confirmação da minha visão desta manhã. A virgem deu à luz dentro da verdade, fato inconcebível à natureza e sabedoria humana.” Mas Salomé retrucou: “Não posso acreditar antes de examiná-la com minhas próprias mãos.”
Após ter entrado na caverna, Salomé disse a Maria: “A luta dentro de minha alma não é pequena; rogo te prepare para que minha hábil mão examine tua virgindade.” E Maria se prontificou para tanto. Mas quando Salomé tocou o corpo de Maria, ela deu gritos estridentes, exclamando: “Ai de mim! Por causa de minha grande falta de fé em Deus e por querer tentá-Lo, o Eternamente Vivo, a minha mão está se queimando no fogo da Ira Divina!”
Caindo de joelhos diante da Criancinha, ela disse: “Ó Deus dos meus pais, Senhor Onipotente de todas as maravilhas, não esqueças que também sou do tronco de Abraham, Isaac e Jacob. Não permitas que seja eu motivo de sarcasmo perante os israelitas e restabelece a saúde de minhas mãos.” No mesmo instante, um anjo de Deus encontrava-se ao lado dela e disse: “Deus atendeu a tua prece. Aproxima-te da Criancinha, toma-A nos braços que receberás uma grande Graça.”
De joelhos, Salomé se aproximou de Maria, pedindo-lhe a Criancinha e Maria entregou-lhe o Pequenino, de boa vontade, dizendo: “Que Deus te perdoe e possas receber o que o anjo prometeu. O Senhor tem misericórdia para contigo.”
Ainda ajoelhada, Salomé segurou a Criança, dizendo: “Ó Deus, Senhor Onipotente de Israel, que reinas desde eternidades, em verdade aqui nasceu um Rei para Israel, Rei de todos os reis, que será mais poderoso que David, a quem Deus amava. Sê eternamente louvado por mim!” Após essas palavras Salomé se viu completamente curada e de coração contrito ela devolveu o Meninozinho a Maria e saiu da gruta, perdoada...
...Quando todos estavam reunidos na gruta, os filhos de José pediram licença para dormir, pois estavam bastante cansados da longa viagem. José respondeu: “Vede que Graça infinita do Alto chegou até nós; por isso vigiai e louvai a Deus comigo. Fostes testemunhas do que aconteceu à Salomé que se demonstrou descrente. Ide para perto de Maria e tocai a Criancinha, talvez vos sintais fortalecidos como após um sono prolongado.”
Os filhos seguiram o conselho, e o Recém-nascido lhes sorriu estendendo as mãozinhas como se reconhecesse Seus irmãos. Todos estranharam dizendo: “Essa criança não é comum. Onde já se viu que alguém fosse saudado tão amavelmente por um recém-nascido? Além disso, fomos realmente tão fortalecidos em todo corpo como após uma noite bem dormida.”...
...Uma hora antes do surgir do Sol, coros possantes se fizeram ouvir diante da gruta, louvando a Deus, e José mandou o filho mais velho, Joel, verificar quem estava fazendo isso em voz tão forte. Quando Joel se dirigiu para fora, viu o Céu inteiro coberto de miríades de anjos luminosos. Incontinenti, contou aos outros o fenômeno, e todos, espantados, saíram e se certificaram do mesmo. Em seguida voltaram para junto de Maria, a fim de darem testemunho também a ela.
José então disse: “Ó virgem mais pura do Senhor, o fruto de teu ventre foi gerado realmente pelo Espírito Santo de Deus, pois todos os Céus disto dão testemunho! Mas que nos acontecerá quando o mundo souber o que se passou aqui? Vi igualmente os pastores olharem para o Alto e unirem suas vozes aos coros dos anjos, cantando com eles as mesmas palavras: Ó Céus espargi vosso orvalho sobre os justos! Paz na Terra entre os homens de boa vontade e Glória a Deus nas alturas, a Ele que vem em Nome do Senhor!”...
Jacob Lorber
Uma pequena biografia desse instrumento da Graça Divina: Nascido a 22 de julho de 1800 em Kanischa, Àustria, amante da música, conheceu o grande violinista Paganini de quem recebeu algumas aulas.
Convocação
Em março de 1840 LORBER recebe em Trieste oferta para regente, o que representava um bom sustento material, pois era pobre. No dia 15, quando fazia sua prece matinal LORBER ouve no coração: "Levanta-te e escreve." Surgiram os capítulos, um após outro, dedicando-se 25 anos, ou seja, a vida toda a VOZ.
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Wladimmir Fernandes